Nas aulas de Língua Portuguesa fizemos grandes coisas.
Mas as que nos deixaram mais marcas foram aquelas que incluiram o trabalho de textos ou poemas de autores portugueses consagradíssimos, como é o caso de Fernando Pessoa, Miguel Torga, Florbela Espanca, Luís de Camões... e outros como Manuel António Pina, Luísa Ducla Soares, Maria Alberta Menéres, António Torrado, Margarida Fonseca Santos, Rosa de Lobato Faria, entre outros...
Com base em alguns poemas conhecidos, escrevemos outros... como podem ver com este poema da Vitória Mircheva, da Daniela Bexiga e do Vasco Penedo, baseado no poema "Levava eu um jarrinho" de Fernando Pessoa...
Levava eu uma trela
Levava eu uma trela
para ir buscar a cadela
Levava eu um o dinheiro
para buscar o bombeiro
e levava uma bandolete
para ir andar de bicicleta.
Correu atrás de mim um pato...
Foi a trela para o chão
perdi o dinheiro
partiu-se a bandolete
Vejam só que frete...
Se eu não levasse a trela
para ir buscar a cadela
nem levasse o dinheiro
para buscar o bombeiro
Nem levasse uma bandolete
para ir andar de bicicleta
Nem corresse atrás de mim um pato
para ver o que eu fazia...
Nada disto acontecia.
O poema da Beatriz e do seu grupo
Levava eu uma rosa
para entregar à Mimosa
Leva um cestinho
para ir dar ao vizinho
E levava um jornal
para ir ler no quintal
Correu atrás de mim um cão
que me viu a comer melão
Foi a rosa para o chão
Perdi o cestinho
Rasgou-se-me o jornal
e espalhou-se no quintal
Vejam que coisa fatal...
Se eu não levasse uma rosa
para entregar à Mimosa
nem levasse um cestinho
para ir dar ao vizinho
Nem levasse um jornal
para ler no quintal
Nem corresse atrás de mim um cão
a ver se eu lhe dava melão
Não haveria
tamanha confusão!
O poema da Dineia e do seu grupo...
Levava eu o João
para ir buscar feijão
Levava um ladrão
para matar um cão
E levava uma maleta
para levar a chaveta
Correu atrás de mim um dragão
Foi o João para o chão
Perdi o ladrão
Rasgou-se-me a maleta
Vejam que grande treta!
Se eu não levasse o João
Para ir buscar feijão
Nem levasse um ladrão
para matar o cão
nem levasse uma maleta
para levar a chaveta
nem corresse atrás de mim um dragão
Não havia tanta aflição!
O poema do Tomás Pirata e do seu grupo
Levava eu uma mota
para ir buscar a Carlota
levava uma cigarra
para dar à tia Lara
Levava um chapéu
para oferecer ao Santiago Barnabéu
Voou atrás de mim
uma gaivota
A mota ficou com um arranhão
Quase que perdia a cigarra
Voou-se-me o chapéu
Que mal vos fiz eu?
Se eu não levasse uma mota
para ir buscar a Carlota
Nem levasse a cigarra
para dar à tia Lara
Nem levasse o chapéu
para oferecer ao Santiago Barnabéu
Nem voasse atrás de mim
uma gaivota
para ver o que eu fazia
Nada disto acontecia...
Fernando Pessoa (Tomás Pirata)
As aula de Portuguès podem ser mesmo muito divertidas...
Até à próxima...