Às vezes apetece-nos ficar parados nas palavras dos poemas que lemos... às vezes apetece acarinhá-las... guardá-las como tesouros...
Há dias lemos dois poemas do autor Álvaro Magalhães que achámos deliciosos.
O Limpa-palavras e o Brincador
Adorámos o Brincador e achámos lindíssimo o Limpa palavras... Se tivessemos de escolher um poema... ui! era muito difícil...
Depois fomos, também nós, limpar palavras, e brincar com elas...com a ajuda de dois dos versos do poema O Limpa Palavras...
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar…
Eis o resultado:
A palavra silêncio é silenciosa como uma formiga.
A palavra mãe é muito amorosa.
A palavra macaco é brincalhona como o palhaço.
A palavra passado lembra-me quando eu era bebé.
A palavra beijo é muito amorosa.
A palavra tubarão tem dentes afiados.
A palavra extraterrestre é muito esquisita.
A palavra bola é chutada para a baliza.
A palavra parque é muito divertida.
A palavra barragem é muito funda.
A palavra chita é muito rápida.
Autor: Tomás Pirata
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A palavra cobra não gosta da obra.
A palavra Luís está sempre a mexer no nariz.
A palavra mundo não gosta do túmulo.
A palavra gato gosta do trapo.
A palavra mãe ama o pai.
A palavra cão gosta de pão.
A palavra avô gosta do arroz.
A palavra Diogo tem um piolho.
A palavra chupeta está sempre na gaveta.
A palavra Miguel brinca com o papel.
A palavra João está sempre no coração.
A palavra Tomás gosta muito do seu cartaz.
A palavra bebé é choné.
A palavra Filipa gosta da tulipa.
A palavra passarinho pica o gatinho.
Autores: Luís e Miguel
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A palavra girassol gira, gira sem parar.
Na palavra escola aprende-se muito.
A palavra sapato anda muito.
A palavra pastilha é saborosa.
Autores: Dineia e Diogo
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A palavra céu e grande como o espaço.
A palavra cocó cheira mal como uma doninha.
A palavra formiga é pequena como um parasita.
A palavra como amizade é amorosa como o amor.
A palavra pena é leve como o algodão.
A palavra mãe é bonita como uma flor.
A palavra calor é quente como o sol.
A palavra ajuda é bonita como um amigo.
A palavra raiva é má como um trovão.
A palavra morango é doce como o açúcar.
A palavra livro é amiga dos meninos.
A palavra mundo é redonda como uma bola de futebol.
A palavra jacaré chapinha como um pé.
A palavra estrela brilha como uma luz.
Autores: Filipa e Zé
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E agora deixamos aqui os poemas do autor para que se deliciem:
O limpa-palavras
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar
e é preciso fechá-la na arrecadação.
No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.
A palavra obrigado agradece-me.
As outras, não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes um braço para apanhares
a palavra barco ou a palavra amor.
Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.
O Brincador
Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.
Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.
Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for.
Quando for grande, quero ser um brincador.
Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.
Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer. Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador... A minha mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida.
E depois acrescenta, a suspirar: "é assim a vida".
Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.
A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser um brincador.
Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta.
Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta.
Na minha sepultura, vão escrever: Aqui jaz um brincador.
Beijinhos e brinquem muito!
Ah! E tratem bem as palavras...
Gostámos muito de fazer este trabalho.
ResponderEliminarTurma 5
Eu sou a Filipa e adoro as nossas poesias.
ResponderEliminarBeijinhos
Bonito trabalho!
ResponderEliminarMais uma vez parabéns.
Luísa Caeiro