terça-feira, janeiro 18, 2011

Palavras...

Às vezes apetece-nos ficar parados nas palavras dos poemas que lemos... às vezes apetece acarinhá-las...  guardá-las como tesouros...

Há dias lemos dois poemas do autor Álvaro Magalhães que achámos deliciosos.

O Limpa-palavras e o Brincador

Adorámos o Brincador e achámos lindíssimo o Limpa palavras... Se tivessemos de escolher um poema... ui! era muito difícil...




Depois fomos, também nós, limpar palavras, e brincar com elas...com a ajuda de dois dos versos do poema O Limpa Palavras...

A palavra pedra pesa como uma pedra.

A palavra rosa espalha o perfume no ar…




Eis o resultado:

A palavra silêncio é silenciosa como uma formiga.



A palavra mãe é muito amorosa.


A palavra macaco é brincalhona como o palhaço.


A palavra passado lembra-me quando eu era bebé.


A palavra beijo é muito amorosa.


A palavra tubarão tem dentes afiados.


A palavra extraterrestre é muito esquisita.


A palavra bola é chutada para a baliza.


A palavra parque é muito divertida.


A palavra barragem é muito funda.


A palavra chita é muito rápida.

Autor: Tomás Pirata

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A palavra cobra não gosta da obra.



A palavra Luís está sempre a mexer no nariz.


A palavra mundo não gosta do túmulo.


A palavra gato gosta do trapo.


A palavra mãe ama o pai.


A palavra cão gosta de pão.


A palavra avô gosta do arroz.


A palavra Diogo tem um piolho.


A palavra chupeta está sempre na gaveta.


A palavra Miguel brinca com o papel.


A palavra João está sempre no coração.


A palavra Tomás gosta muito do seu cartaz.


A palavra bebé é choné.


A palavra Filipa gosta da tulipa.


A palavra passarinho pica o gatinho.


Autores: Luís e Miguel


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A palavra girassol gira, gira sem parar.

Na palavra escola aprende-se muito.

A palavra sapato anda muito.

A palavra pastilha é saborosa.

Autores: Dineia e Diogo


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A palavra céu e grande como o espaço.

A palavra cocó cheira mal como uma doninha.

A palavra formiga é pequena como um parasita.

A palavra como amizade é amorosa como o amor.

A palavra pena é leve como o algodão.

A palavra mãe é bonita como uma flor.

A palavra calor é quente como o sol.

A palavra ajuda é bonita como um amigo.

A palavra raiva é má como um trovão.

A palavra morango é doce como o açúcar.

A palavra livro é amiga dos meninos.

A palavra mundo é redonda como uma bola de futebol.

A palavra jacaré chapinha como um pé.

A palavra estrela brilha como uma luz.

Autores: Filipa e Zé

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E agora deixamos aqui os poemas do autor para que se deliciem:


O limpa-palavras
 
Limpo palavras.

Recolho-as à noite, por todo o lado:

a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.

Trato delas durante o dia

enquanto sonho acordado.

A palavra solidão faz-me companhia.



Quase todas as palavras

precisam de ser limpas e acariciadas:

a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.

Algumas têm mesmo de ser lavadas,

é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias

e do mau uso.

Muitas chegam doentes,

outras simplesmente gastas, estafadas,

dobradas pelo peso das coisas

que trazem às costas.



A palavra pedra pesa como uma pedra.

A palavra rosa espalha o perfume no ar.

A palavra árvore tem folhas, ramos altos.

Podes descansar à sombra dela.

A palavra gato espeta as unhas no tapete.

A palavra pássaro abre as asas para voar.

A palavra coração não pára de bater.

Ouve-se a palavra canção.

A palavra vento levanta os papéis no ar

e é preciso fechá-la na arrecadação.



No fim de tudo voltam os olhos para a luz

e vão para longe

leves palavras voadoras

sem nada que as prenda à terra,

outra vez nascidas pela minha mão:

a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.



A palavra obrigado agradece-me.

As outras, não.

A palavra adeus despede-se.

As outras já lá vão, belas palavras lisas

e lavadas como seixos do rio:

a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.



Vão à procura de quem as queira dizer,

de mais palavras e de novos sentidos.

Basta estenderes um braço para apanhares

a palavra barco ou a palavra amor.



Limpo palavras.

A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.

Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.

A palavra fogão cozinha o meu jantar.

A palavra brisa refresca-me.

A palavra solidão faz-me companhia.




O Brincador

Quando for grande, não quero ser médico, engenheiro ou professor.

Não quero trabalhar de manhã à noite, seja no que for.

Quero brincar de manhã à noite, seja com o que for.

Quando for grande, quero ser um brincador.

Ficam, portanto, a saber: não vou para a escola aprender a ser um médico, um engenheiro ou um professor.

Tenho mais em que pensar e muito mais que fazer. Tenho tanto que brincar, como brinca um brincador, muito mais o que sonhar, como sonha um sonhador, e também que imaginar, como imagina um imaginador... A minha mãe diz que não pode ser, que não é profissão de gente crescida.

E depois acrescenta, a suspirar: "é assim a vida".

Custa tanto a acreditar. Pessoas que são capazes, que um dia também foram raparigas e rapazes, mas já não podem brincar.

A vida é assim? Não para mim. Quando for grande, quero ser um brincador.

Brincar e crescer, crescer e brincar, até a morte vir bater à minha porta.

Depois também, sardanisca verde que continua a rabiar mesmo depois de morta.

Na minha sepultura, vão escrever: Aqui jaz um brincador.





Beijinhos e brinquem muito!

Ah! E tratem bem as palavras...

3 comentários:

  1. Gostámos muito de fazer este trabalho.

    Turma 5

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  2. Eu sou a Filipa e adoro as nossas poesias.

    Beijinhos

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  3. Bonito trabalho!
    Mais uma vez parabéns.
    Luísa Caeiro

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